2006-06-21

Um preso australiano e os bunda-moles brasileiros



Hoje ouvi uma notícia interessante. Um preso australiano, Ivan Milat, condenado pelo assassinato de sete pessoas, ganhou um prêmio por bom comportamento. Consistia em um televisor e uma torradeira. A razão do privilégio era simplesmente que o tal Milat não tinha tentado fugir nem se suicidar recentemente.

Só quero deixar claro que a prisão australiana (Goulburn's Supermax) é uma prisão de verdade, sem direito a nada, muito menos a telefones celulares e outras maravilhas do sistema prisional brasileiro. O cara nunca sairá de lá.

Mesmo assim, um grupo de defesa das vítimas (aqueles que deveriam ser defendidos) falou com o premier de New South Wales (o governador) e este suprimiu o privilégio imediatamente. Foi visto como uma afronta contra as vítimas deste degenerado, e com razão.

Acabo de ler uma entrevista do Marcola que foi publicada no Globo. Tenho que admitir que ele enxerga a situação brasileira de maneira completamente lúcida. No Brasil há pena de morte, sim senhor. O juiz supremo é ele. E todos fazer amém.

Sem contar que as leis estão torcidas a favor dos criminosos. Por que? Porque os que as torcem recebem do crime organizado, de uma maneira ou de outra. Por que o assassino de um casal que estava acampando em 2003 vai ser solto? Por que os assassinos de Daniela Perez foram soltos, aqueles maloqueiros que mataram a moça a tesouradas em um carro? Por que? Por que?!!??

Que posso dizer? É porque o Brasil é mesmo um país de bunda-moles.



5 comentários:

Anônimo disse...

Primeiro, muito legal a inserção do banerzinho (sei lá como se chama isso) da Trasparência Brasil. É um movimento e movimento é ação. Vamos começar com o baner e sua divulgação. Não basta, mas dá idéia de início de jornada: isso é muito importante, motivacional. Segundo: meu caro, é aí que a porca torce o rabo. Sou contra o que fizeram com o preso aí. Veja, a punição é restrição de liberdade. Na filosofia do direito dá para entender melhor isso. Se ele fez por merecer "x" regalia, ninguém pode lhe negar o direito adquirido. Ou então mudem-se as leis, assumam que há diferenças entre pessoas, que os direitos fundamentais não valem mais. Mas enquanto não fizerem isso, havendo um direito que deva ser concedido a quem isso ou aquilo, vale o que está escrito. Se as pessoas acham pouco a restrição do ir e vir, do exercício da vontade de estar aqui ou ali, talvez devessemos voltar aos grilhões, à tortura, à lei de Talião. Particularmente, sou a favor do trabalho pesado, para o governo. Fazer tijolos, pré-moldados, sei lá, qualquer coisa que exaurisse as forças físicas mas ensinasse e retornassem em bem para a sociedade. O gajo aí merece a tv. Eu me manifestaria a favor dele.

Anônimo disse...

Como você citou alguns casos famosos brasileiros, quero fazer parênteses. No Brasil, o problema é de outra ordem: a lei é descumprida por todos e qualquer um. Quem tem ensino superior tem direito a "cela especial" (!!!!!), praticamente ninguém que tenha algum acesso à Justiça cumpre pena integral (!!!!!), polícia mal intencionada planta ou destrói provas, bons advogados (que recebem em paraísos fiscais, como sabe-se notoriamente sobre figuras de alto escalão do Ministério da Justiça) acham "brechas" na lei ou perpetuam os processos para que nunca sejam concluídos e juízes corruptos e regiamente pagos criam jurisprudência para quase tudo que é necessário. Os casos notórios que você citou não são exceções - são regra.

Anônimo disse...

Putz, essa questão é polêmica demais. Mas pra mim a origem de todo esse descontrole aqui no Brasil é que tudo é feito considerando-se as pessoas como se elas fossem boas em princípio. E isso não é o que acontece. Muito pelo contrário, todos procuram achar uma maneira de aproveitar para tirar alguma (ou muita) vantagem. Dos filhos do presidente (e do próprio presidente também) ao cara que vende diversas vezes a mesma passagem de ônibus.
Esse molho faz surgirem os Marcolas que, alheio ao bate-boca sobre o que é direito ou não, vai fazendo o seu Estado e suas leis.
Acho que devemos mudar alguma coisa mesmo. A natureza humana não muda, portanto temos que encarar de outra maneira. Como Maquiavel, eu acho que todos nascemos maus. Só precisamos de uma oportunidade.

Anônimo disse...

Salve, Zappi,

nossas leis são demasiado brandas; não temos sequer prisão perpétua (o único cara que cumpriu 30 anos foi o "Bandido da Luz Vermelha", se não me engano); por uma deturpação, "direitos humanos" parecem só ser aplicáveis aos bandidos (as vítimas são esquecidas, entregues às famílias, quando as têm); a legislação é esburacada: tem razão a Shirlei, bom advogado consegue pena leve para qualquer crime.

Abraço,
Tambosi

P.S.: o Bananão é bunda-mole mesmo. Em tudo.

Anônimo disse...

O que acontece é que ninguém pensa no que quem está preso fez. Primeiro vem uma turma e diz que só "ladrão de galinha" é preso. Depois vem outra e diz que a justiça no Brasil é falha. Aí vem uma terceira e diz que as condições de vida do preso são horríveis, que devemos lutar pelos direitos dos presos. Aí vem uma quarta e diz que para preso rico a prisão é um hotel. Até os calhordas do MLST reclamaram de maus-tratos na prisão! É uma indústria da reclamação, será que não percebem?

Primeiro, direito de preso não tem nada a ver com direitos de pessoas comuns. Infelizmente para eles, presos não têm o direito de ir e vir. Não têm o direito de comer o que bem entendem. Não têm direito de tentar fugir (direito esse que é garantido nas leis brasileiras, né?). Tanto não têm direito de tentar fugir que o estado pode (e deve) matá-los quando tentam. Claro que os guardas vão fazer o possível para não matá-los, mas só até o momento em que não há como recapturar.

Aqui na Australia, como em qualquer lugar civilizado, os cidadãos tem a inocência presumida até o momento de sua condenação. Após isto, acabaram os direitos. Ele tem que fazer o que o estado manda.

Direito adquirido de preso? Só se for no bananão. Aos brasileiros bunda-moles: de onde acham que vem o dinheiro das ONGs que defendem presos?